20 de jan. de 2012

16 de jan. de 2012

Por que o ensino obrigatório de filosofia e sociologia é ruim

Muita gente ficou indignada com as críticas da Revista Veja em relação à obrigatoriedade do ensino de filosofia e sociologia no ensino médio. Nada de anormal nisso. Afinal, a preguiça intelectual que reina entre os acadêmicos do meu Brasil varonil faz com que tudo que apareça na Veja (especialmente se tiver uma defesa do Tio Rei) pode ser automaticamente caracterizado como algo nefasto e que atenta contra o povo. Mas dessa vez, não há como discordar da Veja. E quem fala isso é alguém formado em ciências sociais, que durante o período em que esteve na faculdade participou das discussões sobre esta lei, e, depois de formado, lecionou as duas matérias em escolas estaduais e acha a Veja uma revista ruim, mas que prefere acreditar no que está vendo, e não no que nos outros estão falando.

Parte da indignação veio porque a matéria linkada acima fala que a sociologia e a filosofia, na prática, estariam servindo de vetor para aumentar a pregação ideológica de esquerda nas escolas. E isso é real. Basta ler o chamado Conteúdo Básico Comum e ver que ele é extremamente carregado de esquerdismo. Talvez esse seja o grande problema da obrigatoriedade das disciplinas. No momento em que ela se torna obrigatória, junto com ela vem um monte de regras estatais que mais atrapalham do que ajudam os professores e alunos e que não contribuem em nada para uma "criticidade" maior dos alunos. Apenas mais do mesmo da ideologia dominante.

Mas o pior acontece quando chega na base, onde estão os professores das áreas de humanas, que não só não fazem a menor questão de questionar o CBC, como acabam intensificando a doutrinação. Já li planejamentos de aula de vários colegas meus, onde o assunto das aulas era a crítica ao tal do neoliberalismo e a sociedade de consumo. Esquerdistas, é claro, não vão ver nenhum problema nisso, pois eles não gostam do "neoliberalismo", mesmo ignorando o fato de que não há nenhuma escola sociológica, econômica ou qualquer coisa que se intitule neoliberal. Mas, supondo que o neoliberalismo seja uma reedição do liberalismo clássico e da defesa de valores como o livre mercado e a propriedade privada, NENHUM professor de ciências humanas que eu conheci durante esses anos em que trabalhei na rede pública está apto a fazer comentários (e muito menos críticas) sobre esses temas. Não conheci ninguém dentro da rede pública que leu autores que defendiam o liberalismo (e em outro momento quero falar da culpa das universidades nisso). E como se não bastasse apenas replicar o esquerdismo, os professores também incitavam os alunos a participar dos movimentos, como uma vez em que vi um professor de história dizendo o quanto era importante para os alunos (?) apoiar a greve dos professores.

Existem outras ciências que os alunos (os principais interessados numa boa educação) poderiam julgar mais úteis e mais importantes que a sociologia e a filosofia, que estão fora da grade curricular do ensino básico. Economia e direito são algumas delas. E, como quaisquer outras áreas do conhecimento, podem ser exploradas em outras disciplinas, como português e matemática. Mas porque ninguém defende a economia, por exemplo? À propósito, uma situação que demonstra a hegemonia ideológica da esquerda é o fato de que a única teoria econômica citada para alunos do ensino médio seja o marxismo. Até hoje, mesmo com todas as provas na teoria e na prática de que o cálculo econômico sob um regime socialista é impossível, os professores ainda vendem a idiota teoria da mais valia como algo definitivo e jamais refutado. Alguém poderia me dar um nome para isso que não seja doutrinação?

As "boas intenções" dos burocratas mais uma vez de nada serviram. E a solução não virá com leis e normas impostas pelo governo. É conversa fiada dizer que sociologia e filosofia vêm colaborando para despertar a consciência crítica dos alunos. Pelo contrário. Afinal, os professores só podem ensinar aquilo que sabem e transmitir aquilo que possuem. A crítica não é contra a sociologia e a filosofia (é bom frisar isso: em momento algum a Veja criticou essas ciências), mas ao fato de essas matérias terem sido transformadas em obrigatórias por força de lei e depois serem usadas como objeto de politicagem e manipulação.

Recomendo:

Escola sem Partido - ONG que denuncia doutrinação nas escolas.

As Seis Lições, de Ludwig von Mises - Versão digitalizada de um dos livros mais importantes do liberalismo moderno. Quem dá aula de ciências humanas deveria ter a bondade de ler para, ao menos, criticar algo que conhece, ainda que superficialmente. E uma boa notícia: só tem 100 páginas =)


2 de jan. de 2012

Começando outra vez.

É isso. Depois de muito tempo sem escrever, resolvi voltar. Depois ajeito layout e outras coisas menos importantes...