Os críticos do livre mercado afirmam que este gera pobreza e desigualdade e por isso deve ser combatido com intervenções do Estado na economia e políticas de "distribuição de renda". Mas para darmos início a um debate sobre uma suposta inferioridade moral do capitalismo que hoje faz parte do senso comum, é preciso questionarmos se 1) a pobreza é mesmo culpa do livre mercado e 2) a desigualdade é inerentemente ruim.
A única coisa que é consenso entre liberais e socialistas, é que a pobreza é algo ruim. E falar que a pobreza existente no mundo atual é culpa do capitalismo é errôneo. A pobreza, se definirmos como escassez de bens e recursos, acompanha o ser humano desde a sua existência. E se ela pudesse deixar de existir simplesmente através do desejo de todos, poderíamos acabar com a miséria através de um simples decreto, mas infelizmente, para alguém que pensa de modo simplista, isso é impossível.
Falar também que a pobreza só existe porque existe desigualdade também não é correto. Pode até ser que, se viesse um governante benevolente e distribuísse todo o dinheiro existente em uma cidade/estado/país uniformemente (por decreto, como disse acima), a desigualdade seria resolvida em um curtíssimo prazo e depois voltaria naturalmente. É preciso levar em consideração algumas consequências, que, apesar de óbvias, são ignoradas nas análises econômicas socialistas.
O trabalhador, é, ao mesmo tempo (embora eu pudesse dizer “antes de tudo”), um consumidor. Se todas as pessoas passassem a ser ricas por decreto, elas naturalmente teriam menos motivação para produzir (trabalhar, poupar e investir) e mais motivação para consumir. Com pessoas consumindo mais e produzindo menos, a consequência seria uma escassez de produtos. Essa escassez geraria um aumento na demanda e isso aumentaria os preços. A solução possível é que, alguns poucos que tenham poupado, assumam o risco de investir na produção e passem a vender produtos, com o legítimo desejo de ganhar mais dinheiro, sabendo também que poderiam falir caso não conseguisse atender a demanda dos consumidores. E as pessoas trocam voluntariamente o dinheiro que possuem pelos produtos que antes faltavam, que ficariam cada vez mais baratos conforme a produção fosse aumentando e a concorrência diversificasse estes produtos. Os produtores que atenderam melhor as necessidades do trabalhador enriqueceram e as pessoas que compraram seus produtos tiveram suas necessidades satisfeitas. Estas últimas, quando acabarem com seu poder de compra, gastando muito ou investindo mal, vão precisar trabalhar em troca de salário para poderem continuar comprando. Essa é a desigualdade dentro do livre mercado. E como vocês podem ver, não houve nenhum crime ou atitude coerciva e imoral neste arranjo. Obviamente, uns se beneficiaram mais devido a certas escolhas econômicas. Mas todos, de alguma forma, se beneficiaram.
É aí que se dá início às críticas esquerdistas, que condenam a desigualdade já que muita gente não possui o que os ricos possuem. Mas o que estes críticos não levam em consideração, é que a situação não é pior justamente graças à busca do lucro. Quando alguém resolve assumir o risco de investir seu capital na produção para entrar em concorrência com outro produtor, a tendência são os preços baixarem devido ao aumento da oferta. Além disso, existem os empreendedores que assumem estes riscos para investir em inovações que melhoram a vida das pessoas, trazendo mais acesso a informação, mais conforto material e maior bem estar. São graças a esses “gananciosos” empresários, que hoje uma parcela considerável da população de países que ainda possuem relativa liberdade econômica podem ter informação de qualquer lugar do mundo em segundos, enquanto há 100 anos durava dias e até meses para ter essa mesma informação. O mesmo vale para a saúde, já que a expectativa de vida, que durante muito tempo se manteve praticamente estável durante séculos, mais que dobrou depois do advento do capitalismo até hoje. Sobre a questão do conforto material, Mises ilustra a evolução do padrão de vida das pessoas no livre mercado da seguinte maneira:
"Hoje, nos países capitalistas, há relativamente pouca diferença entre a vida básica das chamadas classes mais altas e a das mais baixas: ambas têm alimento, roupas e abrigo. Mas no século XVIII, e nos que o precederam, o que distinguia o homem da classe média do da classe baixa era o fato de o primeiro ter sapatos, e o segundo, não. Hoje, nos Estados Unidos, a diferença entre um rico e um pobre reduz-se muitas vezes à diferença entre um Cadillac e um Chevrolet. O Chevrolet pode ser de segunda mão, mas presta a seu dono basicamente os mesmos serviços que o Cadillac poderia prestar, uma vez que também está apto a se deslocar de um local a outro."
Um adendo, já que as pessoas vão dizer que em muitos países da América Latina e da África nem todo mundo tem alimento, roupas e abrigo. É importante ressaltar que nesses países, existem muitas restrições ao mercado, isso quando não estão em constante guerra civil. Falar da colonização como motivo para a pobreza também é errado, uma vez que países asiáticos que conseguiram sua independência apenas em meados do século XX optaram pelo livre mercado e a população tem um padrão de vida muito superior. Além disso, países com maior liberdade econômica das regiões citadas estão mais bem posicionados no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. O Chile é a economia mais livre da América Latina e tem o maior IDH, da mesma forma que os maiores IDHs da África Subsaariana são justamente dos países de economia mais livre: Ilhas Maurício e Botswana, sendo que o primeiro está na frente do Brasil no ranking do IDH.
Com isso, é possível concluir que a desigualdade, apesar de parecer uma "injustiça" aos olhos de muitas pessoas, não é algo que possa ser considerado algo prejudicial, pelo menos em uma economia de livre mercado. Ela também existiu nos regimes escravistas, no feudalismo e também no socialismo real. Mas a diferença da desigualdade das pessoas nestes sistemas econômicos citados e no capitalismo, é que enquanto naqueles a desigualdade existia através da pilhagem e do uso da força contra outros homens, no livre mercado as pessoas só podem ser mais ricas criando valor para as outras pessoas, e estas enriquecem apenas quando contribuem com algo de útil para a sociedade como um todo.
P.S. 1: Nos outros posts sobre desigualdade e pobreza, vou comentar o porquê de a esquerda ainda ser hegemônica no Brasil e como lidar com a questão da ajuda aos pobres sem que haja um Estado grande.
P.S. 2: O video abaixo mostra as inúmeras possibilidade de mercado que o Brasil teria se o governo não nos roubasse tanto dinheiro através de impostos, mostrando que o livre mercado poderia sim solucionar problemas que a maioria da população julga ser função do Estado.
A única coisa que é consenso entre liberais e socialistas, é que a pobreza é algo ruim. E falar que a pobreza existente no mundo atual é culpa do capitalismo é errôneo. A pobreza, se definirmos como escassez de bens e recursos, acompanha o ser humano desde a sua existência. E se ela pudesse deixar de existir simplesmente através do desejo de todos, poderíamos acabar com a miséria através de um simples decreto, mas infelizmente, para alguém que pensa de modo simplista, isso é impossível.
Falar também que a pobreza só existe porque existe desigualdade também não é correto. Pode até ser que, se viesse um governante benevolente e distribuísse todo o dinheiro existente em uma cidade/estado/país uniformemente (por decreto, como disse acima), a desigualdade seria resolvida em um curtíssimo prazo e depois voltaria naturalmente. É preciso levar em consideração algumas consequências, que, apesar de óbvias, são ignoradas nas análises econômicas socialistas.
O trabalhador, é, ao mesmo tempo (embora eu pudesse dizer “antes de tudo”), um consumidor. Se todas as pessoas passassem a ser ricas por decreto, elas naturalmente teriam menos motivação para produzir (trabalhar, poupar e investir) e mais motivação para consumir. Com pessoas consumindo mais e produzindo menos, a consequência seria uma escassez de produtos. Essa escassez geraria um aumento na demanda e isso aumentaria os preços. A solução possível é que, alguns poucos que tenham poupado, assumam o risco de investir na produção e passem a vender produtos, com o legítimo desejo de ganhar mais dinheiro, sabendo também que poderiam falir caso não conseguisse atender a demanda dos consumidores. E as pessoas trocam voluntariamente o dinheiro que possuem pelos produtos que antes faltavam, que ficariam cada vez mais baratos conforme a produção fosse aumentando e a concorrência diversificasse estes produtos. Os produtores que atenderam melhor as necessidades do trabalhador enriqueceram e as pessoas que compraram seus produtos tiveram suas necessidades satisfeitas. Estas últimas, quando acabarem com seu poder de compra, gastando muito ou investindo mal, vão precisar trabalhar em troca de salário para poderem continuar comprando. Essa é a desigualdade dentro do livre mercado. E como vocês podem ver, não houve nenhum crime ou atitude coerciva e imoral neste arranjo. Obviamente, uns se beneficiaram mais devido a certas escolhas econômicas. Mas todos, de alguma forma, se beneficiaram.
É aí que se dá início às críticas esquerdistas, que condenam a desigualdade já que muita gente não possui o que os ricos possuem. Mas o que estes críticos não levam em consideração, é que a situação não é pior justamente graças à busca do lucro. Quando alguém resolve assumir o risco de investir seu capital na produção para entrar em concorrência com outro produtor, a tendência são os preços baixarem devido ao aumento da oferta. Além disso, existem os empreendedores que assumem estes riscos para investir em inovações que melhoram a vida das pessoas, trazendo mais acesso a informação, mais conforto material e maior bem estar. São graças a esses “gananciosos” empresários, que hoje uma parcela considerável da população de países que ainda possuem relativa liberdade econômica podem ter informação de qualquer lugar do mundo em segundos, enquanto há 100 anos durava dias e até meses para ter essa mesma informação. O mesmo vale para a saúde, já que a expectativa de vida, que durante muito tempo se manteve praticamente estável durante séculos, mais que dobrou depois do advento do capitalismo até hoje. Sobre a questão do conforto material, Mises ilustra a evolução do padrão de vida das pessoas no livre mercado da seguinte maneira:
"Hoje, nos países capitalistas, há relativamente pouca diferença entre a vida básica das chamadas classes mais altas e a das mais baixas: ambas têm alimento, roupas e abrigo. Mas no século XVIII, e nos que o precederam, o que distinguia o homem da classe média do da classe baixa era o fato de o primeiro ter sapatos, e o segundo, não. Hoje, nos Estados Unidos, a diferença entre um rico e um pobre reduz-se muitas vezes à diferença entre um Cadillac e um Chevrolet. O Chevrolet pode ser de segunda mão, mas presta a seu dono basicamente os mesmos serviços que o Cadillac poderia prestar, uma vez que também está apto a se deslocar de um local a outro."
Um adendo, já que as pessoas vão dizer que em muitos países da América Latina e da África nem todo mundo tem alimento, roupas e abrigo. É importante ressaltar que nesses países, existem muitas restrições ao mercado, isso quando não estão em constante guerra civil. Falar da colonização como motivo para a pobreza também é errado, uma vez que países asiáticos que conseguiram sua independência apenas em meados do século XX optaram pelo livre mercado e a população tem um padrão de vida muito superior. Além disso, países com maior liberdade econômica das regiões citadas estão mais bem posicionados no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. O Chile é a economia mais livre da América Latina e tem o maior IDH, da mesma forma que os maiores IDHs da África Subsaariana são justamente dos países de economia mais livre: Ilhas Maurício e Botswana, sendo que o primeiro está na frente do Brasil no ranking do IDH.
Com isso, é possível concluir que a desigualdade, apesar de parecer uma "injustiça" aos olhos de muitas pessoas, não é algo que possa ser considerado algo prejudicial, pelo menos em uma economia de livre mercado. Ela também existiu nos regimes escravistas, no feudalismo e também no socialismo real. Mas a diferença da desigualdade das pessoas nestes sistemas econômicos citados e no capitalismo, é que enquanto naqueles a desigualdade existia através da pilhagem e do uso da força contra outros homens, no livre mercado as pessoas só podem ser mais ricas criando valor para as outras pessoas, e estas enriquecem apenas quando contribuem com algo de útil para a sociedade como um todo.
P.S. 1: Nos outros posts sobre desigualdade e pobreza, vou comentar o porquê de a esquerda ainda ser hegemônica no Brasil e como lidar com a questão da ajuda aos pobres sem que haja um Estado grande.
P.S. 2: O video abaixo mostra as inúmeras possibilidade de mercado que o Brasil teria se o governo não nos roubasse tanto dinheiro através de impostos, mostrando que o livre mercado poderia sim solucionar problemas que a maioria da população julga ser função do Estado.